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Mensagem  Canaril UFC Qui Jan 17, 2013 8:37 pm

Comportamentos na reprodução:

Quando se juntam os pares, os mais diversos aspectos comportamentais verificam-se. Desde a fêmea que está pronta e necessita de fazer o ninho o mais depressa possível para pôr os ovos, não ligando ao macho, fazendo todos os preparos na construção do ninho e consequente postura de ovos estéreis. Neste caso o macho está de parte, não interferindo, talvez por não se sentir ainda preparado, geralmente passa o tempo no fundo da gaiola. Até ao extremo em que o macho está pronto e a fêmea não, ou por questões de saúde ou apenas por ainda não ter chegado o momento. Então brigam parecendo um casal completamente incompatível.

No primeiro caso a fêmea deve chocar os ovos goros e ao 13 dia retiram-se, o macho deve ser preparado com sementes germinadas todos os dias e vitaminas AD3EC e um aumento da variedade da ração. Quando tal acontece retiro o macho só voltando a juntar quando os ovos goros da fêmea chegam ao 13 dia. No segundo caso separo o casal pelo separador invisível (de grade) preparando a fêmea com comida em grande variedade não esquecendo as sementes de germinar e coloco-lhe o ninho passado dois ou três dias. Se vejo algum interesse da fêmea pelo macho e se houver correspondência ao mesmo tempo que o ninho começa a ser feito, aí junto-os e em princípio o casal estará formado.

Casais incompatíveis
Quando há casais que brigam sempre que se juntam lutando pela posse do espaço, tendo um temperamento bastante conflituoso, deve-se proceder com os maiores dos cuidados se queremos que eles mesmo assim acasalem. Se o problema é mesmo incompatibilidade e não por motivos de saúde, existe sempre uma hipótese que é a de ficarem algum tempo separados apenas pela grade invisível, cerca de uma semana e meia, a seguir deve-se colocar o ninho à fêmea e material para que ela construa o ninho. Quando repararmos que ela inicia a construção do ninho devemos retirar a grade separadora ao pôr-do-sol e voltar a colocá-la de manhã. Quando a fêmea puser o 3º ovo retira-se o macho definitivamente deixando a fêmea incubar sozinha tratando dos filhotes até à independência, voltando a repetir a técnica.

Por vezes o macho quando a fêmea está no ninho fica a seu lado chocando os ovos. Há vezes mesmo que lhe arranca penugem significando falta de espaço que, uma vez reposto, evita a continuação da picagem.

Cada ave tem o seu temperamento, uns mais calmos e pacíficos, outros intempestivos e nervosos. Por vezes depois de acasalados revelam uma personalidade que nos surpreende. Acontece, por vezes, casais totalmente incompatíveis e agressivos que com outros parceiros modificam completamente o seu carácter tornando-se bons pais e companheiros.

Outros comportamentos:

Uma das condicionantes do comportamento é sem dúvida o espaço. Muitas aves com pouco espaço tem tendência a picarem-se, a não puderem enfrentar as aves dominantes acabando por enfraquecer e mesmo sucumbir. Relembro que a medida de 1m3 para 4 aves é o aconselhável, medida esta dada para voadouros com vários m3 de capacidade. Os canários tem um grande sentido de grupo especialmente quando jovens, desaparecendo na altura da reprodução. Não são só os machos que são territoriais, as fêmeas também disputam os seus espaços acentuando-se à medida que a época da criação se aproxima.

Quando a luminosidade é muita os jovens pássaros tendem a ficar agressivos especialmente no período da muda da pena, período este em que as aves devem estar tranquilas evitando-se stress desnecessário. Num voadouro espaçoso as aves tendem a estar calmas, escolhendo os seus abrigos, locais onde se alimentam, onde bebem água e se banham.

A ocupação da ave é muito importante pois dela depende a sua felicidade. Uma vez no voadouro elas procuram sementes abandonadas, grit, pedaços de fios e de papel. Voam deslocando-se por todo o lado numa exploração que parece não ter fim e há sempre espaço para estarem sós, usando os poleiros individuais. Quando as aves estão numa gaiola deve-se lhes arranjar ocupação, nomeadamente machos com fêmeas no choco e crias separadas há pouco tempo, atando fios de sisal ou serapilheira às grades, fornecendo-lhes espigas de painço, proporcionando-lhes banho em dias alternados.

Os canários jovens costumam beijar-se independentemente se são machos, se fêmeas. Fazem-no para se demarcar uns dos outros relembrando os pais enquanto no ninho. É um sinal de protecção mútua. As jovens aves começam desde cedo a reconhecer o tratador e muitas vezes, no voadouro, pousam-lhe em cima. Para mim é gratificante quando tal acontece sentindo-me mais uma vez responsável pelo bando.

Por vezes acontece, ao agarrar-se um macho para juntar com uma fêmea, ele começar a cantar na nossa mão sabendo o fim a que se destina, demonstração de entendimento entre ave e tratador.

No ninho há fêmeas que, mesmo com os filhotes já com alguns dias, recusam-se a sair do ninho. Quando quero inspeccionar o ninho quase que tenho de agarrá-las para ver os filhotes. Fazem-no, penso eu, com o intuito de proteger o ninho. Lembro-me que os pintassilgos fêmeas selvagens, quando estão na incubação, procedem do mesmo modo deixando quase tocar-lhes.

É bastante interessante observar o comportamento dos canários, comportamento esse que embora tenha muitos aspectos comuns, outros são bastante particulares. Há comportamentos que são hereditários, outros derivados ao meio, por vezes descura-se o comportamento em favor de outras características à partida mais valorosas, no entanto pense que só com aves que sejam equilibradas na reprodução se podem difundir as características físicas tão desejáveis. É de extrema importância que consigamos aves completas em todos os factores ganhando e tornando viável cada raça.

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